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23 jun 2025

Pensamento crítico é essencial na era da IA

Redação Bett Blog
Pensamento crítico é essencial na era da IA
Foto: Freepik
Alfabetização digital precisa fazer parte do currículo escolar para formar cidadãos mais conscientes e críticos 

A crescente presença da Inteligência Artificial (IA) na educação tem levantado debates sobre a necessidade de uma alfabetização digital eficaz. Especialistas argumentam que a educação digital nas escolas precisa preparar os alunos a compreender questões de ética digital e a influência dos algoritmos.

A fundadora do Torabit, Stephanie Jorge, defende que a educação digital não pode se limitar ao ensino de habilidades técnicas, como programar ou navegar na internet. “A inteligência artificial não é neutra; ela replica padrões e carrega vieses e o aluno tem de saber disso”, explica. Para ela, a chave para um uso consciente da IA é ensinar os alunos a fazerem perguntas como: “Quem programou isso? A serviço de quem? O que está sendo coletado enquanto eu digito? Como essa tecnologia pode ser usada para ampliar ou restringir possibilidades?”.

Já o fundador da IntegralMind, Marcel Costa, complementa que a alfabetização digital precisa integrar tecnologia com habilidades humanas, como ética, emoção e pensamento social. “Não basta formar especialistas técnicos, é preciso formar cidadãos conscientes”, afirma. Segundo ele, um ensino eficiente deve garantir que os professores estejam capacitados como gestores educacionais com sensibilidade emocional e competência ética frente à IA.

Os riscos da exposição excessiva à IA

Ambos os especialistas apontam riscos éticos significativos no convívio constante de crianças e jovens com algoritmos. Stephanie destaca que a dependência excessiva da IA pode atrofiar o pensamento crítico. “Quando um jovem se acostuma a receber apenas o que o algoritmo considera relevante, ele perde a capacidade de explorar por conta própria”, alerta. A solução, segundo ela, é criar espaços onde o erro, a curiosidade e a descoberta aconteçam sem a interferência dos sistemas algorítmicos.

“Ler um livro sem indicação automática, assistir a um filme sem sugestões infinitas, explorar ideias sem que um sistema determine o que vem depois”, diz ela.

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Costa reforça que a privacidade também é um ponto de preocupação. “O monitoramento constante das crianças por algoritmos pode prejudicar seu desenvolvimento emocional e social”, afirma. Para ele, uma regulamentação clara sobre o uso de dados pessoais e um ensino crítico sobre privacidade digital são essenciais para mitigar esse problema.

Outro perigo apontado por Costa é o reforço de estereótipos e discriminações por vieses inconscientes nos algoritmos. “Precisamos de auditorias constantes nos sistemas e de um ensino que prepare os alunos para identificar e questionar conteúdos gerados por IA”, sugere.

O papel das políticas públicas na inclusão digital

Garantir um uso equitativo da IA na educação também depende de políticas públicas eficazes. Para os especialistas as iniciativas governamentais não podem se limitar à distribuição de dispositivos eletrônicos, como se fosse apenas uma questão de infraestrutura.

Stephanie alerta para o risco de desigualdade digital: “Hoje, enquanto os mais privilegiados aprendem a programar e entender os mecanismos da IA, os mais vulneráveis são treinados a seguir comandos e consumir sem questionar”. Para ela, é fundamental que a alfabetização digital crítica faça parte dos currículos escolares.

“Isso significa regular a coleta de dados de crianças, garantir diversidade na construção dessas tecnologias e incentivar currículos que ensinem a pensar algoritmicamente, e não apenas a operar ferramentas digitais”, afirma a especialista.

Costa acrescenta que é preciso oferecer infraestrutura digital de qualidade em todas as escolas, principalmente nas regiões desfavorecidas. Ele também destaca a importância de normas técnicas rigorosas para garantir transparência e justiça nas aplicações educacionais da IA.

“As políticas educacionais precisam garantir que a IA seja uma ferramenta de personalização do ensino, atendendo às necessidades específicas de alunos em situação de vulnerabilidade garantindo um aprendizado justo e adaptado às condições individuais”, defende.

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