Ahead by Bett promove reflexões estratégicas sobre inovação e o futuro do ensino superior no Brasil
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A 3ª edição do Ahead by Bett, evento simultâneo à Bett Brasil dedicado à Educação Superior e Profissional, promoveu um ambiente de ideias, aprendizado e conexões entre gestores, mantenedores, diretores, fornecedores de soluções e educadores. O encontro foi realizado de 28 de abril a 1º de maio, no Expo Center Norte, em São Paulo.
Neste ano, o Ahead by Bett reuniu cerca de 35 palestrantes em um fórum dedicado à discussão dos principais temas relacionados à reinvenção da educação superior e profissional, tendo como norte o tema central: “Educação para enfrentar crises e construir futuros regenerativos”. O evento também contou com uma área de exposição que reuniu mais de 35 empresas, entre fornecedores de soluções e instituições de ensino.
Entre os destaques do fórum, o painel “Reinventando a Educação Superior: Estratégias de IA para Transformar Instituições” discutiu o papel da Inteligência Artificial como ferramenta estratégica na transformação das universidades. O mestre em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Pedro Henrique, destacou que “sete em cada dez estudantes de graduação já utilizam IA como apoio nos estudos”, desde resumos automatizados até o desenvolvimento de projetos acadêmicos.
Já o head of Digital Technology da YDUQS, Bruno Rocha, alertou para o uso consciente da IA e o risco da superficialidade no aprendizado. “O professor continua sendo essencial para estimular o pensamento crítico”, afirmou, defendendo que a IA deve potencializar a personalização do ensino, sem substituir o raciocínio reflexivo.
Sessão abordou com a IA pode colaborar com instituições de ensino. Foto: Bett Brasil.
O papel da IA como potencializadora das capacidades humanas foi o viés abordado pelo diretor de educação da Microsoft, Fernando Cruz, citando ferramentas como o Copilot, plataforma da Microsoft que utiliza IA para auxiliar em atividades acadêmicas e administrativas. Ele destacou uma pesquisa do LinkedIn que apontou: “83% das empresas esperam contratar profissionais com novas habilidades até 2027”.
Também presente no painel, o cientista-chefe da TDS Company, Silvio Meira, propôs o conceito de “Inteligência Generalizada” para explicar o impacto transformador da IA. “Ainda estamos explorando as possibilidades práticas da IA. Para avançar, é necessário experimentar, testar e adaptar cenários reais”, defendeu.
Para ele, o maior desafio é modernizar o sistema educacional, capacitando professores para atuarem nesse novo ambiente. "A educação precisa deixar de focar apenas na memorização de conteúdos e passar a cuidar do desenvolvimento da inteligência humana, estimulando o pensamento crítico e a capacidade de solucionar problemas", concluiu. O especialista comparou que a IA pode provocar uma revolução comparável à invenção da imprensa de Gutenberg.
Área de exposição do Ahead apresentou novos produtos, serviços e soluções para o ensino superior. Foto: Bett Brasil.
Repensando a graduação
Outro painel relevante foi “Repensando a graduação: um olhar de produto para a educação”, que abordou a necessidade de reestruturar os cursos com foco na experiência do estudante. O consultor da Hoper Educação, Jeferson Pandolfo, destacou que a Geração Z prefere aprender com vídeos curtos e práticas interativas. “Eles têm uma personalidade ‘maker’. Querem aprender na prática”, comentou, defendendo também a adoção de microcertificações que valorizem o percurso formativo desde os primeiros períodos do curso.
O reitor Ricardo Ponsirenas apresentou o modelo de criação de produtos educacionais das instituições FMU e FIAM-FAAM, que envolve escuta ativa dos docentes e alinhamento com as demandas do mercado. “Produto é um corpo estranho no mundo acadêmico, mas é preciso estudo e dedicação para que funcione”, observou.
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O sócio da Hoper Educação, João Vianney, criticou a proposta do novo marco regulatório da EAD, apontando que a proposta carece de respaldo estatístico e, “ao invés de promover qualidade, ameaça a inclusão educacional, acentua desigualdades regionais, agrava o apagão docente e isola o Brasil academicamente do cenário internacional”, disse.
Segundo ele, os dados do INEP mostram que a formação docente via EAD não compromete a qualidade do ensino porque o IDEB cresceu nas séries iniciais enquanto o número de professores formados em pedagogia aumentou significativamente.
Ao final, os especialistas reforçaram que o setor educacional enfrenta um ambiente cada vez mais competitivo e desafiador. Para atrair e manter alunos, será fundamental investir em inovação, flexibilidade curricular, estratégias baseadas em dados e políticas públicas que garantam acesso e permanência. “Entender o perfil do novo estudante é essencial para construir uma educação mais personalizada e eficaz”, concluiu Ponsirenas.
O Ahead by Bett mostrou que o futuro da educação superior exige inovações para romper paradigmas e construir modelos mais conectados com a realidade dos estudantes e com as transformações da sociedade.
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