Como instituições de ensino superior podem se conectar às demandas reais?
Entre os diversos desafios enfrentados pelas instituições dedicadas à educação superior para aumentar o acesso de novos estudantes, um se destaca: alinhar os processos de criação e atualização de cursos superiores à velocidade das mudanças nas demandas do mercado de trabalho.
A celeridade com que as transformações acontecem atualmente sobrepõe a capacidade de renovação e atualização dos cursos disponíveis hoje. Além disso, o intervalo entre o ingresso do estudante à instituição e a sua saída se transforma em um hiato intransponível para um profissional recém-formado colocar-se no mercado de trabalho.
Na visão do pró-reitor acadêmico da FIAP, Wagner Sanchez, a problemática está em como as universidades brasileiras podem conectar o ensino às demandas reais do mercado.
“A adaptação às habilidades digitais é essencial, desde competências básicas até tecnologias avançadas, como IA e blockchain. Além disso, habilidades socioemocionais, como comunicação e trabalho em equipe, são cruciais para formar os profissionais do futuro. Integrar essas competências no currículo prepara os estudantes para os desafios do mercado e os transforma em líderes prontos para o futuro”, afirma Sanchez.
A constante revisão por parte das instituições de ensino superior dos seus projetos pedagógicos é um dos caminhos sugeridos. O professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alexandre Marino, diz que é necessário atualizar as competências formativas para preparar os estudantes tanto para o uso de tecnologias quanto para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
Ele também sugere que a definição de vagas em cursos superiores seja alinhada ao Plano de Desenvolvimento da União, em parceria com estados e municípios. “Políticas públicas articuladas, da educação básica ao ensino superior, podem estabelecer um percurso formativo que amplie o tempo dedicado à educação e qualifique os profissionais para o mercado de trabalho”, considera Marino.
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Na mesma linha de raciocínio, o professor associado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), Romero Tori, observa que “os bons cursos superiores estão constantemente se adaptando, focando cada vez mais no desenvolvimento de competências em vez de conteúdo. Entre elas, destacam-se as competências digitais e socioemocionais”.
Crescimento da EAD
A Educação a Distância (EAD) foi amplamente incorporada ao ecossistema educacional, expandindo a oferta de cursos superiores para pessoas fora dos grandes centros de formação. A não-presencialidade também ofereceu a alunos e instituições mais agilidade e uma maior possibilidade de customização dos cursos, mas fomentou um novo questionamento:
“A modalidade a distância pode contribuir para o aumento da taxa de jovens matriculados no ensino superior. Contudo, há pontos críticos a enfrentar, como a formação de professores com habilidades digitais, a inclusão tecnológica no ensino médio e a adequação estrutural dos estabelecimentos de ensino. Não podemos continuar com salas analógicas para o desenvolvimento de atividades de ensino em tempos digitais”, analisa Marino.
Sanchez reforça que a EAD é essencial para o futuro do ensino superior no Brasil, mas exige atenção. “É crucial garantir que o conteúdo seja envolvente e atualizado, além de investir em metodologias que promovam o engajamento e a interação entre alunos e professores. Outro ponto é a infraestrutura: tanto a tecnologia precisa ser acessível a todos quanto o suporte deve estar preparado para atender quem enfrenta dificuldades. Quando bem planejada, a EAD pode oferecer uma experiência tão rica quanto a do ensino presencial”, conclui o pró-reitor acadêmico da FIAP.
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