Como a neurociência pode contribuir para a educação atual
Por muito tempo, o foco da educação esteve voltado para ensino mecânico e direcionado a um grupo homogêneo de alunos, sem dar a devida atenção à especificidade, a individualidade e a forma com que cada um aprende.
As informações eram “transmitidas” pelo docente e os alunos as recebiam e aceitavam sem questionamento. O problema é que essas informações eram perdidas, sem serem assimiladas, uma vez que os alunos não conseguiam relacioná-las às vivências ou conhecimentos anteriores.
Além disso, o processo de aprendizagem não se dá da mesma forma em cada indivíduo, cada um tem seu ritmo, cada um tem sua habilidade, sua modalidade de aprendizagem; além das influências externas que podem ser decisivas nesse processo.
Com o tempo, o processo de ensino aprendizagem passou a ser mais complexo do que se pensava há algumas décadas e as escolas precisaram se atualizar. Hoje, existe uma infinidade de recursos, além de estudos e pesquisas científicas que podem nortear a prática do educador.
Dentre valiosos recursos para os educadores, a Neurociência surge como grande aliada. Ela traz para a sala de aula o conhecimento sobre a memória, o esquecimento, o tempo, o sono, a atenção, o medo, o humor, a afetividade, o movimento, os sentidos, a linguagem, as interpretações das imagens que fazemos mentalmente, as imagens que formam o pensamento e o próprio desenvolvimento infantil.
Os neurônios espelho, que possibilitam a espécie humana progressos na comunicação, compreensão e no aprendizado. A plasticidade cerebral, ou seja, o conhecimento de que o cérebro continua a se desenvolver, a aprender e a mudar, até a morte também contribui para o sentido de aprendizagem e educação. Essas informações são imprescindíveis para a ação pedagógica e nos faz rever as dificuldades de aprendizagem e as suas inúmeras possibilidades.
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A Neurociência se constitui como a ciência do cérebro e a Educação como ciência do ensino e da aprendizagem e ambas têm forte relação de proximidade para o processo de aprendizagem da pessoa.
Entender como o cérebro aprende, como as redes neurais são estabelecidas no momento da aprendizagem, bem como de que maneira os estímulos chegam ao cérebro, da forma como as memórias se consolidam e de como temos acesso a essas informações armazenadas é essencial para entender cada aluno.
Quando falamos em educação e aprendizagem, estamos falando em processos neurais, redes que se estabelecem, neurônios que se ligam e fazem novas sinapses, complexo processo pelo qual o cérebro reage aos estímulos do ambiente, ativa essas sinapses (ligações entre os neurônios por onde passam os estímulos), tornando-as mais "intensas".
A cada estímulo novo, a cada repetição de um comportamento que queremos que seja consolidado, temos circuitos que processam as informações, que deverão ser então consolidadas. Isso acontece ao longo de toda a vida, em maior grau na infância e adolescência e em menor grau da idade adulta, embora o cérebro adulto continue com suas modificações e seu desenvolvimento, tem menor plasticidade; o número de neurônios se reduz. Esta permanente plasticidade do cérebro sugere que ele foi concebido para a aprendizagem e adaptações, que podem provocar modificações em sua estrutura diante de novos desafios.
O conhecimento, por parte do educador, do neurodesenvolvimento permite a utilização de teorias e práticas pedagógicas que levam em conta a base biológica e os mecanismos neurofuncionais, otimizando as capacidades do seu aluno.
Compreender que os conhecimentos da Neurociência são importantes para a educação ainda é um paradigma novo e necessita mudança de olhar. Com certeza, professores podem tornar a aprendizagem mais eficiente quando criam ou selecionam estratégias pedagógicas fundamentadas pela Neurociência. Tomarmos posse desses novos e fascinantes conhecimentos é imprescindível e de fundamental importância para uma pedagogia moderna, ativa, contemporânea, que se mostre atuante e voltada às exigências do aprendizado em nosso mundo globalizado, veloz, complexo e cada vez mais exigente.
Graças à Neurociência da aprendizagem, os transtornos comportamentais e da aprendizagem passaram a ser mais facilmente compreendidos pelos educadores, uma vez que proporciona mais subsídios para a elaboração de estratégias mais adequadas a cada caso. Um professor qualificado e capacitado, um método de ensino adequado e uma família facilitadora dessa aprendizagem são fatores fundamentais para que todo esse conhecimento que a Neurociência nos viabiliza seja efetivo, interagindo com as características do cérebro de nosso aluno.
Sobre a autora:
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Soraya Ferreira de Andrade
Coordenadora Pedagógica e Formadora de Professores
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.
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