Empreender em educação: mitos, desafios e novas oportunidades
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No novo episódio do Conexão Bett, os convidados Bruno Gagliardi, coordenador da Comissão de Educação da Associação Brasileira de Franchising (ABF), CEO do Centro Britânico e sócio das redes Happy e Brasil Canadá, e Fernanda Tellian, diretora do Colégio Objetivo de Caieiras e Mairiporã e franqueada do Centro Britânico e da Happy, dividiram experiências e reflexões sobre os caminhos de quem deseja empreender na área da educação.
A conversa abordou riscos, oportunidades e, ainda, os mitos que afastam muitos profissionais desse mercado em expansão no setor de franquias. Assista ao episódio completo:
Gagliardi é o organizador do livro “21 mitos sobre empreender com franquias de educação”, publicado pela ABF. A obra, que reúne depoimentos de empreendedores do setor, nasceu de uma inquietação: por que a educação, um campo tão essencial, tem perdido espaço entre os investidores de franquias?
“Há 15 anos atrás, as escolas de inglês, em especial, eram estrelas do mercado de franchising e isso mudou com o passar do tempo. Hoje, quando a gente pensa em franquias, normalmente vêm à cabeça outros segmentos (moda, beleza, saúde e alimentação). Porém, a educação tem características únicas, como a previsibilidade de receita e recorrência. E o nosso produto final, o aluno formado, é algo nobre que nenhum outro setor entrega”, destacou ele.
O projeto surgiu de uma investigação prática por meio da Comissão de Educação da ABF. Gagliardi passou três anos coletando percepções de potenciais investidores em feiras e eventos de franquias, chegando a atuar como “cliente oculto” para entender o que se dizia sobre o setor.
“Eu anotava tudo o que falavam de mal sobre educação e comecei a compilar os dados reunindo 21 principais questões, com crenças equivocadas e generalizações. Neste cenário, decidimos dar uma resposta ao mercado”, contou. A ABF tem atualmente 94 franqueados do segmento de educação, que representam cerca de R$ 15 bilhões em faturamento e 3 milhões de alunos.
No livro, os 21 mitos foram agrupados em cinco grandes temas: financeiro, operação, inovação, propósito e mercado.
Bruno Gagliardi é organizador do livro '21 mitos sobre empreender com franquias de educação'. Foto: Bett Brasil.
“Muita gente acredita que abrir uma escola é caro demais, que só quem é da área pode ter sucesso, que a educação não inova, que propósito e lucro não andam juntos e que o mercado está saturado. Mas a realidade mostra o contrário: as redes de ensino têm se reinventado, trazendo novos formatos e modelos de negócio”, explicou Gagliardi.
Aprendizados e desafios de quem vive o empreendedorismo educacional
Com mais de três décadas de experiência, Fernanda conhece de perto os desafios de transformar propósito em negócio sustentável.
“Eu caí um pouco de paraquedas na franquia de educação, mas aprendi que, se o trabalho for bem-feito, há muita chance de crescimento. O que mais desafia quem empreende na área é equilibrar o propósito com a gestão comercial. Se a escola não for financeiramente saudável, não há como investir em inovação ou melhorar o ensino”, afirmou.
Ela reforça a importância do planejamento e da escolha assertiva da rede: “Antes de abrir uma franquia, a pessoa precisa se perguntar: ‘Como eu quero que meus alunos se formem?’ Essa resposta define o tipo de escola ou rede com a qual você deve se associar. Depois, é fundamental conversar com outros franqueados — eles vão contar o lado bom e o lado difícil”, disse.
Outro ponto destacado por Fernanda é a importância da consultoria inicial, etapa que ela própria está estruturando para oferecer a interessados em abrir franquias na área da educação. “Muita gente diz: ‘Quero empreender, tenho o dinheiro, já pensei na estrutura... mas como começo?’. É aí que entra o papel do consultor, que é alguém com experiência prática que pode guiar os primeiros passos”, explica.
Fernanda Tellian destaca a importância da escuta ativa no setor educacional. Foto: Bett Brasil.
Segundo ela, esse tipo de orientação representa um grande diferencial. “Não é que sem consultoria não vá dar certo, mas ela encurta o caminho: reduz o tempo, evita erros e aumenta as chances de sucesso”, reforça.
Um setor em transformação e retomada
Gagliardi acredita que o mercado de franquias de educação vive um momento de renovação e amadurecimento. A longevidade das marcas, segundo ele, é prova da capacidade de adaptação do setor.
“Se somarmos a idade das 94 marcas de educação da ABF, temos mais de mil anos de experiência acumulada. Isso mostra resiliência. O Centro Britânico tem 56 anos, e continua crescendo. Diferente de modas passageiras como paleterias ou esmalterias, a educação é sólida e não desaparece.”
Um dos movimentos que ganham força é o modelo de colégios franqueados, que ampliam o escopo de atuação ao reunir várias soluções em um mesmo espaço.
“Temos uma escola em São Bernardo que é um ‘shopping de escolas’, com colégio, curso de inglês, escola de culinária e de balé. É uma tendência: centros educacionais que oferecem múltiplos serviços e experiências de aprendizado. A franquia entra como parceira estratégica neste modelo, com apoio em processos, construção de marca e credibilidade”, destacou Bruno.
Ele reforça que o gestor escolar precisa pensar de forma empreendedora: como oferecer mais valor ao aluno e à família em um contexto de mudanças demográficas e aumento da concorrência.
“Hoje, as famílias têm menos filhos, e isso exige criatividade das escolas. É preciso oferecer diferenciais e novas soluções, e as franquias podem ajudar muito nisso”, acrescentou.
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A força do propósito
Encerrando a conversa, Fernanda Tellian fez um convite a quem pensa em empreender no setor: unir vocação, propósito e visão de negócio.
“Amo o que eu faço, e acredito que tudo o que é feito com dedicação dá certo. Quem gosta de gente e quer transformar vidas sempre vai encontrar espaço na educação”, afirmou.
Ela acredita que o momento atual é de consolidação e colheita. “Os empreendedores que permaneceram firmes estão colhendo os frutos. A educação passou por momentos desafiadores, mas quem manteve o foco e a qualidade agora vê os resultados. E eu quero continuar investindo — porque acredito no poder transformador do que fazemos.”
Além do Youtube, o Conexão Bett também está disponível nas principais plataformas de áudio, como Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts, entre outras e no portal do Educador21.
O programa de entrevistas é mais um espaço de diálogo da Bett Brasil com diversos especialistas, que trazem um ângulo diferente dos assuntos mais relevantes e atuais do setor educacional. Ative as notificações na sua plataforma favorita para ser avisado sempre que tiver novo episódio.
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