Equidade digital nas escolas depende de infraestrutura de qualidade e intencionalidade pedagógica
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A chegada da tecnologia às escolas públicas brasileiras já não é mais um debate de futuro, mas uma necessidade presente. Conectar estudantes e professores à internet, disponibilizar equipamentos adequados e assegurar que tudo isso esteja atrelado a um projeto pedagógico consistente são passos fundamentais para reduzir desigualdades e promover a equidade no acesso ao conhecimento.
De acordo com o diretor de Tecnologia e Inovação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Delson Silva, o primeiro passo é orientar as redes de ensino a desenvolverem projetos estruturados. “O FNDE, juntamente com o MEC e outros órgãos públicos, desenvolveu um guia para orientar as redes na incorporação de dispositivos tecnológicos. Lá, os gestores encontram todas as informações necessárias para elaborar um bom projeto de uso de tecnologia”, explica.
Delson Silva defendeu a importância de projetos estruturados para equidade no acesso à tecnologia. Foto: Bett Brasil.
Silva destaca que a inclusão digital exige ações em duas frentes: garantir a infraestrutura de conectividade e possibilitar a aquisição de equipamentos. “Tem sido um compromisso do ministro da Educação, Camilo Santana, criar projetos para levar conexão uniforme a todas as escolas do país. Até o final de 2026, 100% das escolas públicas estarão conectadas com internet eficiente e utilizável para fins pedagógicos”, afirma.
No segundo momento, acrescenta, é preciso planejar o uso das tecnologias. “O FNDE oferece atas de registro de preço que permitem às escolas, com recursos próprios ou de programas federais, adquirir equipamentos de acordo com suas necessidades”.
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O diretor de Operações da MegaEdu, Thomaz Galvão, lembra que garantir infraestrutura é essencial, mas insuficiente se não houver uma intenção pedagógica clara. “Todas as escolas precisam ter internet e equipamentos de qualidade, mas não é a tecnologia pela tecnologia. É fundamental que as secretarias de Educação sejam protagonistas nesse processo, entendendo o currículo, ouvindo os professores e atrelando a infraestrutura a um projeto pedagógico consistente”, defende.
Para Thomaz Galvão, é essencial a intenção pedagógica clara. Foto: Bett Brasil.
Na visão de Galvão, o alinhamento entre política pública e prática escolar é determinante para o sucesso. “É preciso pensar no que tem que ser ensinado e no que precisa ser promovido dentro do espaço escolar. Só assim o investimento em conectividade e equipamentos realmente contribui para a aprendizagem com qualidade”.
Já o cofundador e CBO da School Guardian, Leo Gmeiner, acrescenta uma dimensão que, muitas vezes, passa despercebida: a segurança digital. “Equidade significa garantir que todos os alunos tenham acesso a equipamentos adequados para sua faixa etária e conectividade de qualidade. Mas também precisamos cuidar da segurança. Uma vez conectados, os estudantes estão expostos a riscos do mundo digital”, alerta.
Gmeiner ressalta que o cuidado começa com a educação dos próprios alunos. “O primeiro passo é ensinar os estudantes sobre o que podem ou não fazer online, incentivando o pensamento crítico. Esse é o melhor filtro. Mas sabemos que são crianças e adolescentes, em processo de descoberta, então é preciso aliar orientação a ferramentas de controle digital”, explica.
Leo Gmeiner destacou a importância da segurança digital neste assunto. Foto: Bett Brasil.
Entre as soluções, ele cita tecnologias que permitem monitorar buscas, controlar acessos e bloquear conteúdos inadequados. “São cuidados essenciais para minimizar riscos e evitar situações prejudiciais aos estudantes”.
Apesar de partirem de perspectivas diferentes, os especialistas convergem em um ponto: o desafio da equidade digital vai além de distribuir equipamentos ou garantir acesso à internet. Ele envolve planejamento estratégico, diálogo com professores e gestores, responsabilidade compartilhada e políticas públicas que assegurem qualidade e sustentabilidade no longo prazo.
O conteúdo desta matéria tem como base a participação do diretor de Tecnologia e Inovação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Delson Silva, do diretor de Operações da MegaEdu, Thomaz Galvão, e o Cofundador e CBO da School Guardian, Leo Gmeiner, na Jornada Bett Nordeste 2025.
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