A promoção de uma educação inclusiva é uma questão que enfrenta obstáculos nas salas de aula do país. Para educadores, entre os principais desafios estão o capacitismo e outros preconceitos enraizados na sociedade e a carência de uma formação inicial e continuada dos professores, com uma preparação específica para lidar com a diversidade presente no cenário educacional.

"A educação verdadeiramente inclusiva é aquela em que todos participam da aprendizagem, respeitando seus desafios e valorizando suas habilidades, independentemente de diagnósticos ou laudos. A inclusão é para todos", defende a diretora do Instituto Domlexia, Nadine Heisler.

O professor Doug Alvoroçado, que atua na rede pública no Rio de Janeiro, aponta que o capacitismo e os preconceitos sociais são desafios para a educação inclusiva no Brasil. “Alunos com deficiências frequentemente enfrentam discriminação, levando à exclusão escolar e social. Essa cultura de exclusão reflete uma sociedade que ainda não valoriza plenamente a diversidade e julga o outro por padrões restritos", destaca o professor.

Alvoroçado salienta que, apesar das leis que garantem o direito à educação inclusiva, a implementação dessas políticas falha em muitos casos. "Faltam recursos humanos, tecnológicos e materiais, além de uma execução mais eficaz dessas leis", afirma.

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Para ambos os especialistas em inclusão, a formação adequada de professores é o caminho mais assertivo para garantir uma educação inclusiva de fato.

"Os desafios não são poucos ou fáceis, mas três frentes são fundamentais para que possamos avançar: a formação de professores em metodologias inclusivas, docência compartilhada - com dois professores por turma - para garantir atenção e adequações necessárias, e o investimento em tecnologia assistiva e materiais pedagógicos adequados", afirma Nadine.

A diretora do Instituto Domlexia ressalta a importância da colaboração entre diferentes atores nas escolas: "É preciso um alinhamento entre professores e a gestão para promover e garantir um processo de inclusão efetivo. A formação precisa se transformar em prática, mas, para isso, a gestão deve oferecer condições favoráveis”, diz.

Alvoroçado também acredita que a formação dos educadores precisa ser aprimorada. "É fundamental que os cursos de formação de professores incluam disciplinas específicas sobre educação inclusiva, com foco em metodologias e práticas que atendam às diversas necessidades dos alunos", afirma.

Ele destaca ainda a importância da formação continuada, para que os professores possam atualizar suas habilidades ao longo da carreira. "A formação precisa estar conectada às experiências do cotidiano escolar, seja por meio de estágios em escolas inclusivas ou projetos que promovam a reflexão crítica sobre a inclusão", ressalta.

Nadine também critica a abordagem atual das formações voltadas para a inclusão. "As formações tendem a ser muito teóricas e pouco orientadas à prática. Precisamos de cursos que tragam instrumentos aplicáveis no dia a dia dos professores", afirma.

Ela finaliza destacando a importância de avaliar as formações não apenas pela carga horária: "As formações continuadas devem ser medidas pela sua transformação na prática diária. A métrica deve ser a aplicação dessas formações, porque só oferecer capacitação que não gera mudanças não faz sentido para estudantes nem educadores", diz.

O professor Alvoroçado finaliza reforçando a necessidade de suporte contínuo aos educadores. "As instituições de ensino precisam oferecer materiais didáticos adaptados e acesso a profissionais especializados, como psicólogos e pedagogos. Isso permite que os professores compartilhem experiências, discutam desafios e encontrem soluções conjuntas para promover a inclusão de forma efetiva", conclui.

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