Jornada Bett Nordeste traz debates sobre IA, redes de aprendizagem e inovação pedagógica
)
Nos dias 27 e 28 de agosto, o Recife Expo Center recebe a Jornada Bett Nordeste, evento promovido pela Bett Brasil, em parceria com o Sinepe-PE, que reúne educadores, gestores e especialistas para discutir os caminhos da educação básica nas escolas das redes pública e privada.
Com o tema central “Uma nova aprendizagem para construir futuros regenerativos”, a programação nos auditórios será organizada em torno de quatro eixos temáticos: Convivência, Consciência, Criação e Cuidado, que nortearão os painéis e palestras ao longo dos dois dias.
No eixo 'Consciência', a palestra “Implementando a IA: o que importa para a escola”, pretende debater o uso ético, consciente e criativo da IA na aprendizagem com a participação do consultor educacional Fernando Trevisani e o sociólogo, pesquisador e especialista em educação e tecnologia, Daniel Magnavita.
Em sua visão, Trevisani aponta que o ponto de partida para o uso significativo da IA na educação é a formação de professores. Ele ressalta que o processo de implementação da tecnologia precisa estar alinhado aos princípios pedagógicos da escola e às necessidades reais dos estudantes, porém é o desenvolvimento profissional dos professores que sustenta a inovação.
“Precisamos apoiar os docentes para que compreendam como utilizar recursos de IA para promover competências críticas e reflexivas, tanto para eles quanto para os estudantes. É necessário construir coletivamente diretrizes de uso da IA para garantir que as práticas estejam conectadas com o contexto dos alunos e com aquilo que a escola espera do professor. Também é crucial uma avaliação contínua dos impactos desses recursos no ensino e na aprendizagem, para que seu uso faça sentido pedagógico”, afirma Trevisani.
O consultor educacional relata que tem acompanhado a implementação dessas tecnologias em redes públicas e privadas e que o papel do professor precisa ser de protagonismo na mediação do uso de recursos digitais.
“Os docentes precisam mostrar para as instituições até onde as ferramentas podem ir, quais usos fazem sentido na prática e participar ativamente das decisões sobre o uso desses recursos”. Ele ressalta que, muitas vezes, ferramentas digitais são escolhidas por coordenadores ou diretores sem considerar as necessidades reais da sala de aula. “Às vezes o professor nem sabe usar, ou falta a ele entender como encaixar aquilo em um novo modelo de aula”, diz.
IA com propósito pedagógico e acesso inclusivo
Ainda no eixo 'Consciência', na palestra “Além do hype: o que a IA pode (de fato) fazer pela educação?”, a diretora acadêmica da Fluencypass, Maria Xavier, e a especialista em Design Instrucional da Casa Thomas Jefferson, Daniela Lyra, abordaram como a IA pode personalizar, engajar e potencializar o ensino sem perder a intencionalidade pedagógica
Segundo Maria, a IA já proporciona soluções concretas e acessíveis, como tutores virtuais, correção automática de exercícios e trilhas de aprendizagem adaptativas. No entanto, ela também defende o uso da chamada “IA desplugada”, que ensina os conceitos fundamentais de inteligência artificial sem necessidade de computadores ou conexão com a internet.
Leia também:
- Inclusão e inovação na educação ganham voz na Jornada Bett Nordeste
- Coragem, criatividade e escuta ativa: Cris Sanches fala sobre reinvenção da sala de aula no Conexão Bett
- Jornada Bett Nordeste reunirá especialistas no Recife para debater novas ideias e soluções para a educação
"As atividades desplugadas têm um papel fundamental na democratização do entendimento sobre a IA e no estímulo ao pensamento computacional de forma lúdica e criativa. É possível trabalhar algoritmos, lógica de programação e tomada de decisão com jogos de tabuleiro, dinâmicas em grupo, construção de fluxogramas em papel ou até mesmo simulações de redes neurais humanas, com os próprios estudantes representando os elementos do sistema”, aponta.
Essas práticas, segundo ela, promovem não apenas o desenvolvimento de competências para o século XXI, mas também o protagonismo dos alunos e uma compreensão crítica e ética sobre as ferramentas digitais. "Acredito que, com recursos digitais avançados ou com métodos desplugados, a inteligência artificial já está presente nas escolas e é cada vez mais acessível. O mais importante é que essas iniciativas caminhem lado a lado, ampliando horizontes e preparando os alunos para pensar, criar e agir em um mundo cada vez mais mediado pela tecnologia", afirma.
Colaboração no centro da criação
Além dos debates sobre IA no eixo 'Consciência', o evento também trará reflexões relevantes no eixo 'Criação', que propõe pensar novas formas de desenhar experiências de aprendizagem coletivas, autorais e conectadas ao mundo real. É o caso da palestra “Co-criando experiências de aprendizagem: desenhando redes de aprendizagem em uma sociedade pós-industrial”, que será apresentada pelo fundador da FWK Innovation Design, Carlos Eduardo Freire Gurgel, e o sócio-fundador da Bootstrap Comunicação e Consultoria, Caio Vassão.
Para Gurgel, a cocriação não é apenas uma metodologia, mas uma nova mentalidade. “Aprender deixa de ser algo vertical e passa a ser um processo vivo, em rede, onde diferentes vozes participam da construção de conhecimento. Atores como estudantes, professores, famílias, comunidades locais, empreendedores sociais e até tecnologias emergentes (como a IA) passam a fazer parte do ecossistema de aprendizagem”, avalia.
O fundador da FWK Innovation Design defende que gestores e professores assumam o papel de facilitadores e arquitetos de contextos. “Assumir um papel ativo nesse processo começa com a escuta. A partir disso, podemos co-desenhar ambientes onde o erro é parte do processo, a curiosidade é valorizada e o conhecimento não está preso a um currículo fechado, mas se amplia em projetos, causas e experiências reais”, diz.
E ainda finaliza: “A colaboração é o antídoto para os modelos tradicionais obsoletos. E ela começa com o reconhecimento de que ninguém ensina, aprende e se transforma sozinho”.
Jornada Bett Nordeste
Além de anteciparem parte das reflexões que levarão ao palco, os três especialistas também destacam a importância de fortalecer eventos como a Jornada Bett Nordeste, que valoriza as realidades locais e estimula a troca entre educadores de diferentes regiões do país.
“A Jornada é um espaço privilegiado para apresentar ideias, compartilhar práticas inovadoras e, principalmente, construir soluções coletivas que levem em conta as especificidades regionais. Isso, para mim, representa uma forma concreta de contribuir para a democratização da formação continuada e para a valorização da diversidade cultural, social e econômica do nosso país”, resume Trevisani.
Maria Xavier completa: “É nos encontros regionais presenciais que conseguimos compartilhar boas práticas, inspirar uns aos outros e desenvolver soluções enraizadas nas realidades do Norte e Nordeste, que muitas vezes são invisibilizadas nos grandes centros.
E para Gurgel, “mais do que discutir tendências, a Jornada é uma oportunidade real de experimentar diálogos genuínos sobre o futuro da aprendizagem, com os pés no chão e os olhos no horizonte”.
Para mais informações sobre a programação e inscrições, clique aqui.
Compartilhe nas redes sociais:
Categories
- Futuro da Educação