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11 dez 2024

Número de estudantes em cursos de Ensino Superior no Brasil é o maior em nove anos

Redação Bett Blog
Número de estudantes em cursos de Ensino Superior no Brasil é o maior em nove anos
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Integrantes do Comitê de Educação Superior do Conselho Bett Brasil debatem a realidade e o potencial do ensino superior

Segundo Censo de Educação Superior 2023, o número total de estudantes matriculados em cursos de ensino superior (nas modalidades presencial e a distância) no Brasil atingiu quase 10 milhões, o maior registrado nos últimos nove anos.

Professor associado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), Romero Tori, acredita que a tendência de dilatação do volume de alunos matriculados pode se expandir ainda mais, considerando a parcela relativamente pequena da população brasileira que tem acesso ao ensino superior.

“À medida que aumenta o contingente de concluintes do ensino médio, expandem-se as políticas públicas de inclusão e a oferta de vagas. Isso cria uma dinâmica de crescimento proporcional no número de ingressantes no ensino superior”, avalia Tori, que também é docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

O professor destaca que a expansão significativa da educação a distância também contribuiu para o aumento identificado no Censo Escolar, pois viabilizou a inclusão de pessoas que antes não tinham acesso a cursos que exigiam presencialidade física. “O desafio agora é alcançar um crescimento proporcional no número de concluintes e garantir padrões de qualidade, tanto nos cursos presenciais quanto nos virtuais ou híbridos”, alerta.

Já na visão do pró-reitor acadêmico da FIAP, Wagner Sanchez, três fatores principais influenciam os resultados: “A tecnologia, que facilita o acesso ao ensino a distância e elimina barreiras geográficas; a demanda do mercado de trabalho, que exige constante qualificação e formação em áreas de alta demanda, como tecnologia e inovação; e a diversidade de metodologias, que tornam a aprendizagem mais flexível e atrativa para os novos perfis de estudantes. Na FIAP, por exemplo, vemos isso de perto. A oferta de cursos conectados ao mercado e atualizados com as últimas tendências faz toda a diferença”, afirma.

O professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alexandre Marino, enfatiza que o aumento no número de estudantes em cursos superiores deve ser comemorado, mas ressalta que ainda há muito a ser feito. Ele lembra que, de acordo com o Censo da Educação Superior de 2023, apenas 21,6% dos jovens entre 18 e 24 anos estão matriculados na universidade. “A meta do Plano Nacional de Educação (PNE) é elevar essa taxa para 50% até 2024, o que certamente não será alcançado.”

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Marino argumenta que a matrícula no ensino superior é fundamental para o desenvolvimento do país: “Com a formação profissional de mais brasileiros, podemos vislumbrar um processo de transformação social e econômica significativo. A título de comparação, a China registrou um aumento expressivo no número de estudantes universitários, com a taxa bruta de matrícula no ensino superior atingindo 60,2% em 2023”, finaliza.

Conectar ensino a demandas reais

Alinhar os processos de criação e atualização de cursos superiores à velocidade das mudanças nas demandas do mercado de trabalho é um dos principais desafios das instituições de ensino atualmente. “Os bons cursos superiores estão constantemente se adaptando, focando cada vez mais no desenvolvimento de competências em vez de conteúdos. Entre elas, destacam-se as competências digitais e socioemocionais”, observa Tori.

Sanchez complementa que as universidades brasileiras enfrentam a problemática de como conectar o ensino às demandas reais do mercado. “A adaptação às habilidades digitais é essencial, desde competências básicas até tecnologias avançadas, como IA e blockchain. Além disso, habilidades socioemocionais, como comunicação e trabalho em equipe, são cruciais para formar os profissionais do futuro. Integrar essas competências no currículo prepara os estudantes para os desafios do mercado e os transforma em líderes prontos para o futuro”, afirma.

Marino acrescenta que o ensino superior deve revisar constantemente seus projetos pedagógicos, atualizando as competências formativas para preparar os estudantes tanto para o uso de tecnologias quanto para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.

Ele também sugere que a definição de vagas em cursos superiores seja alinhada aos Planos de Desenvolvimento da União, em parceria com estados e municípios. “Políticas públicas articuladas, da educação básica ao ensino superior, podem estabelecer um percurso formativo que amplie o tempo dedicado à educação e qualifique os profissionais para o mercado de trabalho.”

Crescimento do EAD

A educação a distância (EAD) foi amplamente incorporada ao ecossistema educacional, permitindo a oferta de cursos superiores para pessoas fora dos grandes centros de formação. “A modalidade a distância pode contribuir para o aumento da taxa de jovens matriculados no ensino superior. Contudo, há pontos críticos a enfrentar, como a formação de professores com habilidades digitais, a inclusão tecnológica no ensino médio e a adequação estrutural dos estabelecimentos de ensino. Não podemos continuar com salas analógicas para o desenvolvimento de atividades de ensino em tempos digitais”, analisa Marino.

Sanches reforça que o EAD é essencial para o futuro do ensino superior no Brasil, mas exige atenção. “É crucial garantir que o conteúdo seja envolvente e atualizado, além de investir em metodologias que promovam o engajamento e a interação entre alunos e professores. Outro ponto é a infraestrutura: tanto a tecnologia precisa ser acessível a todos quanto o suporte deve estar preparado para atender quem enfrenta dificuldades. Quando bem planejada, a EAD pode oferecer uma experiência tão rica quanto a do ensino presencial”, conclui.

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