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01 out 2024

O que queremos dizer quando dizemos “transformando a educação”?

Doug Alvoroçado
O que queremos dizer quando dizemos “transformando a educação”?
Transformar pode ser apenas um jargão quando usamos a palavra sem quer ela esteja “grávida” de intencionalidade

Recentemente, me deparei com um cartaz que trazia a seguinte mensagem: "Reduzindo o consumo de água para transformar o mundo!" A frase muito linda ressoou na minha mente, mas também provocou uma reflexão mais profunda sobre o que significa essa transformação.

No meu ponto de vista, ao consumirmos água de maneira desleixada e abusiva estamos, sim, transformando o planeta em algo pior, acabando com recursos hídricos. Porém, se usarmos com sabedoria não estamos “Transformando o mundo”, mas sim, deixando o mundo ser como deve ser, em sua melhor forma. Isso me faz refletir sobre como usamos a palavra “transformar” e suas variações.

Nos últimos tempos, o jargão "transformar a educação" tem sido amplamente repetido em diversos contextos. Seja em conferências educacionais, artigos de opinião ou nas discussões políticas, essa expressão parece ser a palavra de ordem para aqueles que buscam inovações no ensino. Eu ouço tanto essa expressão que questiono: embora a ideia de transformação traga uma sensação de progresso e melhoria, vale a pena questionar: o que significa, de fato, transformar a educação? E mais importante, transformar pra quê, pra quem e em quê?

Quando falamos em "transformar", estamos nos referindo a uma mudança de forma, uma reconfiguração daquilo que já existe. Mas será que toda mudança representa, necessariamente, uma melhoria? Nem sempre. A transformação pode levar a resultados positivos ou negativos, dependendo da direção e do propósito dessas mudanças.

Transformar, por si só, não garante sucesso ou avanço. No contexto educacional, transformar pode significar incorporar novas tecnologias, adotar metodologias inovadoras, ou mesmo revisar o currículo de uma maneira disruptiva.

No entanto, sem um objetivo claro e sem uma reflexão profunda sobre as consequências dessas mudanças, corremos o risco de alterar apenas a superfície, sem resolver problemas estruturais.

A primeira questão que devemos nos fazer é: qual o propósito dessa transformação? Para que estamos mudando a educação? Se a resposta for apenas "porque está na moda" ou "porque todos estão fazendo", é hora de repensar. A transformação educacional precisa ter um objetivo maior, que vá além de apenas modernizar o que já existe. Ela deve servir para atender às necessidades reais de estudantes e professores, melhorando o aprendizado, a inclusão e as oportunidades para todos.

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A implementação de Inteligências Artificiais (IA’s) no contexto educacional é, sem dúvida, um avanço significativo e promissor. Eu, pessoalmente, uso e apoio essa tecnologia, reconhecendo seu potencial para enriquecer o aprendizado e facilitar diversos processos.

No entanto, é fundamental entendermos que a simples adoção dessa “inovação” não é suficiente para garantir que ela seja transformadora. Muitas vezes, o uso de IA’s acaba sendo apenas uma mudança de ferramenta ou de método, sem promover, de fato, uma melhoria substancial no ensino.

Aqui, quero destacar uma palavra poderosa que tem surgido frequentemente em discussões sobre inovação educacional: intencionalidade. Sem a intenção correta, o uso de IA’s não transforma o ambiente educacional; ele apenas o modifica, tornando-o "diferente", mas não necessariamente melhor, inovador ou transformador.

A verdadeira inovação exige muito mais do que a introdução de novas tecnologias, metodologias e ferramentas. Ela envolve uma mudança de mentalidade, de práticas pedagógicas e de objetivos educacionais. Para que a IA seja, de fato, transformadora, precisamos usá-la de maneira estratégica e intencional. Caso contrário, corremos o risco de usar uma tecnologia avançada para perpetuar velhos métodos, sem explorar todo o seu potencial.

Eu gosto de sempre pensar no tripé: Pessoas, Processos e Ferramentas. Transformar é trazer essas pautas pro centro da discussão.

A importância da intencionalidade

É aqui que a intencionalidade entra em cena. Implementar “transformação” na educação sem um propósito claro e sem uma reflexão sobre os impactos desejados pode resultar apenas em uma superficialidade tecnológica.

A IA será uma ferramenta diferente, sim, mas será que estará contribuindo para uma educação mais inclusiva, eficiente ou relevante? Ou apenas substituímos uma prática tradicional por uma prática digital?

A intencionalidade no uso destas inovações significa utilizar o que temos visto de tecnologias com um objetivo pedagógico bem definido. Não basta apenas ter acesso a ferramentas; é preciso saber por que estamos usando, para que estamos usando e que habilidades queremos desenvolver na sala, em nós, nos discentes. A tecnologia, por si só, não resolve problemas educacionais se não houver uma visão clara do que se pretende alcançar com ela.

Transformar a educação deve ter como meta preparar melhor os alunos para os desafios do século XXI, mas isso envolve muito mais do que introduzir novos dispositivos ou adotar pedagogias da moda.

A transformação deve buscar resolver questões profundas, como a desigualdade de acesso aos conteúdos e espaços, o desinteresse crescente de alunas e alunos, além da falta de conexão entre o que se ensina e as demandas reais da sociedade.

O uso de ferramentas inovadoras na EDU é um avanço que pode, de fato, transformar o ensino. No entanto, sem uma intencionalidade clara, essa inovação corre o risco de ser apenas uma mudança superficial — uma substituição de ferramentas, sem impacto significativo nos resultados educacionais. A transformação que realmente faz a diferença ocorre quando a tecnologia é usada com propósito, alinhada a objetivos claros e refletindo as reais necessidades da educação contemporânea.

Portanto, devemos sempre nos perguntar: qual é a nossa intenção? Essa é a chave para garantir que o uso dessas tecnologias seja não apenas diferente, mas transformador, promovendo uma educação que seja mais inclusiva, personalizada e adaptada aos desafios do nosso tempo.

Sobre o autor:


*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.

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