O que são futuros regenerativos e como trabalhar o conceito no contexto da educação brasileira?
Conceitualmente, a ideia central de futuros regenerativos é a regeneração e restauração por meio de ações que possam melhorar os ecossistemas, as comunidades e os processos sociais e econômicos ao longo do tempo. A abordagem está relacionada à sustentabilidade, à ecologia e ao design social, com o intuito de criar uma cultura regenerativa, uma prática constante de recuperação, renovação e fortalecimento de sistemas, que revitalizam e até melhoram o que foi danificado ou desgastado.
Para enfrentar as inúmeras crises dos tempos atuais, a Bett Brasil propõe discussões sobre os futuros regenerativos no contexto da educação brasileira na 30ª edição do evento que será realizada de 28 de abril a 1º de maio de 2025, no Expo Center Norte, em São Paulo.
Por ser o maior evento de Inovação e Tecnologia para a Educação da América Latina, a Bett Brasil 2025 traz para dialogar com todos os entes educacionais uma temática que busca compreender e debater as possibilidades de sistemas sustentáveis e resilientes, com foco em temas essenciais, como a regeneração dos recursos naturais, questões sociais, emocionais e, inevitavelmente, educacionais.
Corrobora com essa premissa a proposta do tema central da 30ª edição: “Educação para enfrentar crises e construir futuros regenerativos”, elaborada com o apoio do Conselho Consultivo da Bett Brasil.
“Para trabalhar o conceito de futuros regenerativos na educação, é necessário encarar as crises educacionais como oportunidades para transformações profundas. Isso começa com uma perspectiva experimental, que abandona as práticas ultrapassadas e cria condições e espaços para abordagens que erram, aprendem e se adaptam”, explica Adriana Martinelli, diretora de Conteúdo da Bett Brasil.
Um ponto central para essa transformação é o lifelong learning, que promove uma cultura de aprendizado contínuo envolvendo educadores, gestores, estudantes, pais, responsáveis e a comunidade. “Isso nos impulsiona a buscar sistemas mais resilientes e preparados para responder às demandas emergentes de maneira ágil e consistente”, completa Martinelli.
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Até então, a inserção das ideias em torno dos futuros regenerativos tinha como aplicação mais direta as áreas da agricultura, economia e planejamento urbano. A proposta que emerge para a Bett Brasil 2025 é colocá-las em perspectiva e debater sua aplicabilidade também no contexto educacional.
Para Arthur Galamba, diretor do PGCE (Postgraduate Certificate in Education) Science do King's College London, cofundador e diretor da Collabits e ex-conselheiro da Câmara de Comércio Brasileira no Reino Unido, o conceito de futuros regenerativos no contexto da educação é essencial para integrar elementos que promovam não só a conscientização ambiental e social, mas também práticas pedagógicas que incentivem a crítica e a transformação.
Galamba enfatiza que a educação ambiental e a educação científica para a democracia são duas áreas que se conectam profundamente com essa visão, pois ambas buscam formar cidadãos críticos e engajados com o bem-estar coletivo e a sustentabilidade.
“Nesta perspectiva, educadores e estudantes são vistos como agentes transformadores, comprometidos em resistir a forças que ameaçam a transição justa para uma economia de baixo carbono, onde não se prioriza o lucro em detrimento da justiça social e ambiental. É fundamental que o currículo escolar valorize a equidade, a igualdade, a justiça e a inclusão, de forma a promover o desenvolvimento de uma consciência crítica e ambiental que apoie um crescimento sustentável e uma transição justa para a sociedade”.
Outro aspecto essencial diz respeito ao empoderamento dos educadores, oferecendo-lhes autonomia e ferramentas para atuarem com criatividade e responsabilidade social.
“Por isso, também é preciso pensar na construção de futuros regenerativos que criem espaços para processos colaborativos que transcendam o âmbito educacional, integrando outras áreas do conhecimento, como saúde, tecnologia e meio ambiente. Ao mesmo tempo, a educação passa a ser um elo para a sociedade, para não só enfrentar as crises atuais, mas para se reconstruir a partir delas e formar cidadãos comprometidos com um futuro sustentável e socialmente justo”, comenta Adriana.
Formação pedagógica e regenerativa
Ao trabalhar o conceito de futuros regenerativos no contexto específico da educação, a formação docente também deve seguir a mesma linha de raciocínio e práticas. Para Arthur Galamba, o atual modelo educacional não prepara os estudantes para questionar o mundo, mas para aceitá-lo como ele está, para reforçar as estruturas sociais e econômicas existentes.
“Ao adotar uma pedagogia regenerativa, os educadores também devem rever a forma como avaliam seus estudantes, introduzindo instrumentos que promovam o desenvolvimento de uma postura crítica e transformadora. A avaliação, nesse contexto, deve transcender a mera mensuração de notas e assumir um caráter formativo que incentive a criatividade, a resolução de problemas e o pensamento crítico, com feedbacks construtivos, cocriação de conhecimento e interação entre pares, que são elementos centrais para um processo dinâmico e contínuo de construção conjunta”, pontua Galamba.
Tanto Adriana Martinelli quanto Arthur Galamba pontuam que trabalhar o conceito de futuros regenerativos na educação envolve muito mais do que ensinar sobre meio ambiente, mudanças climáticas, sustentabilidade, ecologia ou design social; é um compromisso em transformar a maneira como aprendemos, pensamos e agimos em relação ao mundo.
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