Relação família-escola: suas lideranças institucionais podem vencer este desafio
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O ano letivo já vai tomando seu curso e não podemos nos esquecer de que, para o sucesso do trabalho escolar, é fundamental uma relação entre escola e família muito transparente e assertiva de modo que pais e educadores institucionais possam caminhar lado a lado rumo ao alcance dos objetivos de aprendizagem de nossas crianças e adolescentes.
Uma das funções fundamentais do gestor escolar é promover a articulação do trabalho dos professores e alunos, além de favorecer a clareza, para os pais, em relação ao Projeto Político Pedagógico da escola. Quanto mais claro for o PPP, mais saudável será a relação escola e família. É esse o enfoque da minha reflexão no artigo de hoje.
As reuniões de pais já aconteceram, na maioria das escolas, e é fundamental que tudo o que foi apresentado nestes momentos seja revelado no cotidiano da sala de aula para que alunos e pais comecem o ano numa relação de efetiva confiança no que é dito e feito.
Para que isso aconteça, vamos refletir sobre características fundamentais das lideranças das escolas em relação à Gestão de Relacionamento.
Em primeiro lugar, os líderes devem ter clareza de seu propósito pessoal e da instituição. A partir desta clareza e sintonia, conseguem definir metas e objetivos claros, preocupam-se com os objetivos do outro e têm um discurso conectado com a atitude. Quando falo em propósito quero destacar que implica o conhecimento do porquê fazemos o que fazemos! Isso deve repercutir na coerência do ser e fazer de modo que o líder apresente uma atitude individual e coletiva conectada com os objetivos institucionais.
E como as lideranças podem apresentar o propósito institucional para a escola?
- Realizar reuniões abertas: essas oportunidades favorecem a apresentação dos objetivos da escola e os progressos realizados ao longo do processo.
- Documentar os objetivos e metas: este plano pode ser compartilhado com a comunidade escolar e atualizado regularmente para mostrar o progresso, por meio das redes sociais, murais informativos e boletins informativos periódicos.
- Utilizar canais de comunicação diversos: boletins informativos, sites, redes sociais e e-mails. As redes sociais são um importante instrumento oficial que devem revelar o cotidiano da escola tanto para os pais dos alunos como para aqueles que querem conhecer a escola. Elas poderão dar o tom do dinamismo da escola.
- Incentivar a participação ativa: trazer a família para a escola, convidar para a participação em festas, projetos escolares, tarefas de casa, palestras dadas pela família, assim como propor atividades que vão para além dos muros da escola e que permitam à comunidade local conhecer o trabalho da escola.
- Avaliar e dar feedbacks: favorecer o compartilhamento dos resultados com a comunidade escolar e explicações sobre como as ações estão coerentes com os propósitos da escola ajuda a acentuar a confiança da família na escola.
- Celebrar conquistas: celebrações para as famílias apresentando os sucessos dos alunos.
A partir de ações como essas, tornamos claras as ações adotadas no cotidiano e criamos uma comunidade a cada dia, mais segura em relação ao trabalho da escola. Além disso e a partir desta clareza, compete aos líderes serem capazes de inspirar pessoas, sendo referência para engajar alunos, colaboradores, professores e famílias.
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Inspirar implica estar junto por compartilhar os princípios da instituição e, a partir daí, revelar no discurso e nas ações a fidelidade à causa e motivação para tornar o porquê conhecido. Então vamos pensar, como o líder deve atuar para ser inspirador no ambiente escolar?
- Deve ter consistência no saber, falar e fazer;
- Deve ser autêntico;
- Deve demonstrar o porquê faz o que faz para a comunidade;
- Deve mostrar o conhecimento e a paixão pelo que faz;
- Deve demonstrar energia e motivação;
- Deve, ainda, definir contratos de trabalho e fazer o monitoramento para estabelecer relações saudáveis e transparentes.
Por tudo isso, espera-se que o trabalho tenha o adulto como modelo de atitude, firmeza, equilíbrio, constância de ações e qualidade nas relações.
Importante também saber comunicar-se bem e gerenciar conflitos acadêmicos e sociais, criando ambientes positivos, permitindo a dúvida e o erro como oportunidades de crescimento e estando sempre aberto às mudanças. Para isso, é preciso:
- Estabelecer uma cultura de confiança: todos devem sentir-se à vontade para expressar suas opiniões e preocupações e isso só vai acontecer quando o gestor manifestar uma liderança empática que é aquela que, dentre outras coisas, manifesta escuta e respeito pelo outro;
- Comunicar-se regularmente: manter canais de comunicação abertos;
- Promover a transparência: disponibilizar informações sobre políticas, decisões e projetos da escola;
- Incentivar o feedback: encorajar pais, alunos e funcionários a compartilhar suas opiniões e sugestões;
- Ser autêntico: ser transparente sobre os desafios e sucessos da escola. Mostrar vulnerabilidade quando necessário, para construir empatia e conexão com os outros;
- Estimular a colaboração;
- Treinar a equipe para diferentes processos;
- Resolver conflitos de maneira construtiva: abordá-los de forma aberta, justa e construtiva, com o objetivo de encontrar soluções que beneficiem a todos.
E, por falar em comunicação, não podemos deixar de falar do WhatsApp. Na sua escola ele é vilão ou aliado? Para ser um aliado no processo de comunicação, é indispensável que as lideranças usem esta rede com propósito claro para favorecer agilidade e transparência na comunicação. Alguns caminhos para isso são:
- Defina diretrizes claras de comunicação;
- Divulgue o nº de whatsapp oficial da escola/setor e deixe claro que as respostas serão dadas de acordo com a ordem de chegada;
- Defina uma pessoa responsável pelas mensagens que tenha clareza de todo processo pedagógico, que seja cordial nas respostas, clara e objetiva nos retornos e que seja ágil para buscar informações com os responsáveis do assunto que desconhece. Lembre-se que esta pessoa será o 1º cartão de visita da comunicação escolar;
- Antecipe-se aos assuntos polêmicos e use meios convencionais para esclarecimentos;
- Promova a comunicação presencial, sempre que possível e que o assunto possa atender a um maior número de pessoas;
- Troque mensagens que estabeleçam a clareza de propostas e não julgamentos de valor.
Uma comunicação que parta da definição de combinados, do monitoramento rigoroso e imparcial, da clareza de limites, gera corresponsabilidade e segurança. Isso não significa também não poder dizer não, mas dizer o não com respeito, firmeza e empatia, afinal as normas devem ter sido definidas previamente e ser do conhecimento de todos.
Uma escola que adota estas atitudes tende a desenvolver uma melhor percepção de pertencimento de todos os envolvidos e isso nos assegura conexão e segurança de onde colocamos nossos filhos e filhas.
Com coerência no falar e fazer, com objetividade, transparência e verdade construímos uma escola empoderada que acolhe, mas que também empodera para um mundo mais justo!
Sobre a autora:
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Sandra Andrade Scapin
Pedagoga e especialista em docência do Ensino Superior pela PUC-SP
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.
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