InteliGENTE: quando as singularidades são essenciais na educação
Com o tema central “Inteligências Individuais, Coletivas e Artificiais: todas em nós, agora! Quando elas dialogam, a educação se transforma”, a Bett Brasil, o maior evento de Inovação e Tecnologia para a Educação da América Latina, chega à sua 31ª edição, de 5 a 8 de maio de 2026, no Expo Center Norte, em São Paulo.
Para aprofundar o macrotema, o Bett Blog preparou uma série de quatro matérias dedicadas aos subtemas que estruturam a programação do evento.
Neste texto, será abordado o eixo “InteliGENTE - Inteligências Individuais”, que explora o poder das inteligências individuais, valorizando o autoconhecimento, as competências socioemocionais e a diversidade em todas as suas formas. Aborda também saúde mental, relações humanas, comunicação não violenta e práticas pedagógicas que fortalecem a singularidade de cada estudante. A educação midiática aparece como chave para formar cidadãos críticos e conscientes em um mundo hiperconectado.
O aluno como ponto de partida
Em um cenário em que a educação passa por transformações profundas, entender as inteligências individuais torna-se essencial para qualquer escola que deseje promover aprendizagem significativa. Isso porque cada estudante constrói conhecimento a partir de referências próprias: seu repertório cultural, suas emoções, seu contexto familiar, sua autoestima e suas particularidades cognitivas.
Para a conselheira da Bett Brasil, escritora, educadora e fundadora da Piraporiando – Educação para a Diversidade, Janine Rodrigues, o reconhecimento de que cada estudante é único não é apenas um gesto de acolhimento, mas a condição essencial para garantir uma educação de qualidade.
Janine defende que o olhar atento à subjetividade e à diversidade dos alunos deve ser tratado como um compromisso central das escolas. “A subjetividade é um dos direitos mais importantes para qualquer pessoa. É o que nos torna únicos e é uma premissa para compreender que nossas crenças, gostos, opiniões e cultura não são universais ou referências únicas”, afirma. Para ela, é justamente ao entender a própria subjetividade que cada indivíduo se torna capaz de respeitar a do outro.

Janine Rodrigues: Foto: Divulgação/pessoal
Na visão da educadora, esse é um dos maiores desafios das instituições de ensino: conciliar igualdade de acesso ao conhecimento com a diversidade de modos de aprender.
Ela ressalta que esse equilíbrio exige atenção contínua às necessidades específicas de cada criança ou jovem. “É preciso um cuidado para não ignorar as fragilidades e dificuldades de cada um e, ao mesmo tempo, não inviabilizar as potencialidades dos estudantes. Ninguém é excelente em tudo”, diz.
Para Janine, respeitar o ritmo e o percurso individual não significa reduzir a exigência, mas qualificar o processo educativo. Ela lembra ainda que cada aluno chega à escola carregando histórias distintas.
“As pessoas partem de lugares diferentes, com histórias diferentes e, portanto, terão sempre diferentes reações no ambiente que ocupam”, observa. Por isso, defende: “Uma escola sem afeto não pode oferecer uma educação de qualidade”.
Impactos no clima escolar e na formação integral
Ao comentar os efeitos de uma abordagem que valoriza a diversidade, Janine enfatiza que o maior impacto é a criação de um ambiente seguro, em que os estudantes possam existir plenamente. “Um ambiente onde o aluno possa ser. Parece básico e óbvio, mas não é”, diz. Ela critica a pressão social pela uniformidade que vivemos atualmente, onde a discordância parece ser uma ameaça.
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Para a educadora, permitir que cada estudante se expresse e se posicione é parte fundamental da formação integral. “A discordância que preserva a ética e o respeito é saudável”, afirma. Quando a escola acolhe essa pluralidade, explica Janine, o aluno passa a enxergar e focar com mais clareza suas próprias forças e fragilidades, sem preocupações de agradar ou de não ser excluído.
A pesquisa que evidencia o impacto desse olhar
A importância da perspectiva InteliGENTE ganha ainda mais consistência quando observada à luz de estudos sobre desenvolvimento integral. Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Ânima, em parceria com o Lepes/USP, analisou 500 mil respostas de profissionais e estudantes da rede pública de cinco estados brasileiros e trouxe evidências relevantes sobre a influência das relações humanas no bem-estar e no propósito dos jovens.
O estudo mostrou que estudantes que dizem poder contar com seus professores para falar sobre sentimentos apresentam 16% mais propósito de vida do que aqueles que não dispõem desse apoio. Mesmo quando dois jovens têm níveis semelhantes de saúde mental, aquele que reconhece no professor um ponto de confiança pode desenvolver até 30% mais propósito.
Os dados também evidenciam que muitos estudantes enfrentam desafios emocionais significativos que podem afetar o propósito de vida: 29% acreditam que sua saúde mental é afetada pelos estudos; 26% já sofreram bullying; 24% se sentem pressionados a atender um padrão de beleza; 21% se dizem angustiados com a situação financeira do lar; 16% se sentiram sozinhos no último ano; 13% se sentem compelidos a seguir algum comportamento visto nas redes sociais
A pesquisa aponta ainda que as competências socioemocionais são os fatores que mais influenciam o desenvolvimento do propósito de vida (54,9%), seguidas pela qualidade da relação com o professor (14,7%), reforçando como a atenção às individualidades e às relações humanas impacta diretamente a jornada dos estudantes.
O subtema InteliGENTE convida gestores, professores e toda a comunidade educacional a olhar menos para modelos padronizados e mais para as pessoas que habitam a escola. Trata-se de compreender que cada indivíduo aprende, sente, reage e projeta o futuro a partir de uma combinação única de vivências e emoções. Como sintetiza Janine Rodrigues: “Precisamos de escolas onde os alunos possam ser”.
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